Enciclopédia Açores XXI

A Praia do Norte é uma freguesia portuguesa do município da Horta, na Ilha do Faial. Ocupa uma superfície total de 14,00 km² com 259 habitantes (2001). Tem uma densidade populacional de 18,5 hab./km². A freguesia integra os seguintes lugares: Fajã, Praia de Baixo e Praia de Cima. A freguesia conta com 224 eleitores inscritos (Autárquicas 2005). A área da freguesia integra parte do Complexo vulcânico do Capelo. As suas altas falésias são geo-monumentos de grande interesse científico. Possuí uma fajã com areal voltada para a Baía de Ribeira das Cabras, a Fajã da Praia.

História, Monumentos e Museus[]

A Praia do Norte e sua igreja, é referida pela primeira vez em 30 de Junho de 1568. O seu solo fora, desde muito cedo, conhecido como bastante fértil em cereais, leguminosas e frutas de todos os géneros. Em 1643, a freguesia tinha 274 habitantes distribuídos por 77 fogos. (Espelho Cristalino, Diogo das Chagas, pág. 478) A primitiva igreja foi destruída pela erupção do Cabeço do Fogo, em 1672. Situava-se no sitio exacto do Nicho, na bifurcação da Estrada de Regional com a estrada que vai para o Norte Pequeno. O derrame lávico do Cabeço do Fogo cobriu seus extensos campos de terra arável. Dispersa a população local, a freguesia da Praia do Norte é extinta e integrada na freguesia do Capelo.

Após a erupção, os seus habitantes retornaram e gradualmente plantaram de vinhas, figueiras e outras árvores de fruto, vindo novamente a transformar a Praia do Norte numa fértil região agrícola. No Século XVIII, a freguesia já tinha 712 habitantes distribuídos por 180 fogos. Na Fajã da Praia, em 1787, é edificada a Capela da N. Sra. de Penha de França, pelo madalense José Nunes da Silveira. A Capela de N. Sra. das Dores é construída em 1797. A Praia do Norte é elevada novamente a freguesia, através dum alvará régio datado de 1 de Outubro de 1839. Será apenas no ano de 1845, que celebra definitivamente a sua elevação. A igreja é destruída durante a crise sísmica do Capelinhos. A atual igreja foi constituída em 1961, como um templo verdadeiramente moderno.

Erupção de 1672[]

Segundo Américo Costa, no seu Dicionário Corográfico, grande parte dos habitantes de ambas as freguesias ficaram atemorizados com a crise sísmica. Abandonaram as suas moradias e se abrigaram em pequenas barracas. Todavia, "subitamente, à uma hora da madrugada, ouviu-se um formidável ribombo, seguido imediatamente de violentíssima erupção vulcânica. Dois rios de lava incandescente tomaram respectivamente as direcções do Norte e do Sul, tendo esta última destruído a povoação que existia na Ribeira do Cabo, freguesia do Capelo. A corrente de lava do norte, depois de breve pausa no lugar de Lameiros, alcançou a freguesia de Praia do Norte, converteu-se num montão de pedras negras e terra calcinada.

O casario da povoação e os seus campos ficaram completamente destruídos. No entanto, parece não ter havido perdas humanas a lamentar. Mas, foi "tal o pânico produzido pela catástrofe no espírito dos habitantes da Praia do Norte, que em acção de graças por lhe terem sobrevivido, fizeram voto de festejar o Divino Espírito Santo, dando em seu louvor, no dia de Pentecostes, mil esmolas aos pobres, compostas de pão, carne e vinho, voto que se transmitiu de geração em geração".

Navio que encalhou na Fajã[]

O encalhe do navio "Canadá Pacific Valour", a 20 de Dezembro de 2005, foi usado para chamar a atenção do Mundo para a Fajã da Praia, na Ilha do Faial, e para necessidade de nos Açores existirem meios de adequados para pronta intervenção em caso de desastre marítimo. O navio navegava sob a bandeira das Bermudas, seguia de Montreal, Canadá, para Valência, Espanha. Autorizado a fundear na Baía da Ribeira das Cabras, em busca de abrigo para fazer fazer reparações, terá aproximado excessivamente dos baixios da Fajã da Praia. O pequeno derrame de fuelóleo marítimo ficou confinado entre o navio e a Praia da Fajã, numa faixa de cerca de 300 metros. Este acabou por ser recolhido do local e armazenado e enviado para Lisboa. O navio, que não era equipado com grua, tinha 180 metros de comprimento e transportava 800 contentores de 40 pés, dos quais, somente o conteúdo de 3 contentores era perigoso para meio ambiente. Tinha ainda a bordo cerca de 2 mil toneladas de fuelóleo à espera que se pudesse fazer a transfrega do combustível. As várias tentativas para desencalhar o navio têm sido dificultadas pelas adversas condições meteorológicas e as fortes correntes. Ao fim de 9 meses, o navio acabou por afundar a 21 milhas da Ilha do Faial ao ser rebocado para Lisboa.

Tradições, Festas e Curiosidades[]

As suas festas, nomeadamente, as festas do Culto do Divino Espírito Santo, são muito concorridas. O mesmo se poderá dizer das festas de São Pedro (29 de Junho), de N. Sra. de Penha de França (8 de Setembro) e de N. Sra. das Dores (no Domingo seguinte ao dia 15 de Setembro). O artesanato, contribui também para o incremento económico da freguesia. Produzem-se interessantes trabalhos em vime, casca de milho, sendo ainda de salientar as suas rendas e bordados. A sua gastronomia, caracteriza-se pelo inhame com linguiça, pelo cozido de carne de porco salgada, pelos torresmos de vinha de alho, bolo de milho, massa sovada, filhós e pela rosquilha.

Economia[]

Em meados do Século XX, as vinhas sofreram um grande flagelo, e os laranjais e campos de batata registaram significativas perdas. Desenvolvera-se a pesca e a construção de embarcações, como as principais fontes de rendimento. Todavia, a agricultura, apesar de todas as crises registadas, sobretudo, com a erupção do Vulcão do Cabeço do Fogo em 1672, parece ter tido sempre uma importância muito especial para as gentes de Praia do Norte. Praia do Norte, atualmente, para além da actividade agrícola, faz ainda representar no seu quadro de desenvolvimento económico a exploração pecuária, a extração da pedra e da areia do mar e ainda o pequeno comércio. O artesanato, contribui também para o incremento económico da freguesia.

Ligações Externas[]