Enciclopédia Açores XXI
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Quando, em [[1749|1749]], foram achadas várias moedas alegadamente fenícias ou cartaginesas na [[Ilha do Corvo]], é natural que os defensores da tese da existência da Estátua Equestre tenham rejubilado. A lógica era: se havia moedas, é porque estiveram, fenícios na Ilha do Corvo. É consenso que não há razões para duvidar da veracidade desse achado, nem da autenticidade dessas moedas de ouro e cobre. Mas isso por si não prova que aquele povo do norte de África tenha alcançado as ilhas do Grupo Ocidental açoriano. O achado, a ter-se verificado, teve por certo outra origem, bem mais moderna e também mais fácil de sustentar.
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Quando, em [[1749|1749]], foram achadas várias moedas alegadamente fenícias ou cartaginesas na [[Ilha do Corvo]], é natural que os defensores da tese da existência da Estátua Equestre tenham rejubilado. A lógica era: se havia moedas, é porque estiveram fenícios na Ilha do Corvo. É consensual que não há razões para duvidar da veracidade deste achado, nem da autenticidade das moedas de ouro e cobre. Mas isso, por si só, não prova que aquele povo do norte de África tenha alcançado as ilhas do Grupo Ocidental açoriano. O achado, a ter-se verificado, teve por certo outra origem, bem mais moderna e também mais fácil de sustentar.
   
Em [[1761|1761]], o numismata suéco Johann Frans Podolyn relata o seguinte: "No mês de Novembro de [[1749|1749]], após alguns dias de ventos tempestuosos de oeste, que puseram a descoberto parte dos alicerces de um edifício em ruínas na costa da Ilha do Corvo, apareceu uma vasilha de barro negro, quebrada que continha um grande número de moedas, as quais, juntamente com a vasilha, foram levadas a um convento" [ seria o Convento de São Boaventura, em [[Santa Cruz das Flores]]? ], "onde as moedas foram repartidas por pessoas curiosas residentes na ilha. Algumas dessas moedas foram enviadas para Lisboa e dali mais tarde remetidas ao padre Enrique Flórez, em Madrid. O número de moedas contidas na vasilha não se conhece e nem quantas foram mandadas de Lisboa, mas a Madrid chegaram 9 (nove) moedas. ... O padre Flórez fez-me presente destas moedas quando estive em Madrid em [[1761|1761]], e disse-me que no todo do achado havia apenas moedas destas nove variedades." (''Achados Arqueológicos nos Açores'', José Agostinho, em ''Açoreana'', Vol. 4, fasc. 1, 1946, pág. 101-2 - O padre Enrique Flórez de Setién y Huidobro, ([[1701|1701]]-[[1773|1773]]), foi um conhecido historiador e numismata espanhol que pertenceu em vida à Ordem de Santo Agostinho.)
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Em [[1761|1761]], o numismata sueco Johann Frans Podolyn relata o seguinte: «No mês de Novembro de [[1749|1749]], após alguns dias de ventos tempestuosos de oeste, que puseram a descoberto parte dos alicerces de um edifício em ruínas na costa da Ilha do Corvo, apareceu uma vasilha de barro negro, quebrada que continha um grande número de moedas, as quais, juntamente com a vasilha, foram levadas a um convento» [ seria o Convento de São Boaventura, em [[Santa Cruz das Flores]]? ], «onde as moedas foram repartidas por pessoas curiosas residentes na ilha. Algumas dessas moedas foram enviadas para Lisboa e dali mais tarde remetidas ao padre Enrique Flórez, em Madrid. O número de moedas contidas na vasilha não se conhece e nem quantas foram mandadas de Lisboa, mas a Madrid chegaram 9 (nove) moedas. ... O padre Flórez fez-me presente destas moedas quando estive em Madrid em [[1761|1761]], e disse-me que no todo do achado havia apenas moedas destas nove variedades.» (''Achados Arqueológicos nos Açores'', José Agostinho, em ''Açoreana'', Vol. 4, fasc. 1, 1946, pág. 101-2 - O padre Enrique Flórez de Setién y Huidobro, ([[1701|1701]]-[[1773|1773]]), foi um conhecido historiador e numismata espanhol que pertenceu em vida à Ordem de Santo Agostinho.)
   
Quanto à autenticidade das nove moedas encontradas, o geógrafo alemão Alexander von Humboldt afirmou não haver disso a menor dúvida, visto que os seus desenhos foram comparados com as moedas conservadas no gabinete do Príncipe da Dinamarca. ("Exame Crítico da Arqueologia do Novo Mundo" por Alexander von Humboldt, citado no ''Arquivo dos Açores'', Universidade dos Açores, Ponta Delgada, 1981, Ed. fac. pela Ed. de 1881, Vol. 3, pág. 111-2) As gravuras dessas moedas foram publicadas, primeiramente, na revista sueca ''Memórias da Sociedade de Gotemburgo'', e reproduzidas na ''Açoreana'', em 1946, e no ''Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira'', em 1947.
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Quanto à autenticidade das nove moedas encontradas, o geógrafo alemão Alexander von Humboldt afirmou não haver disso a menor dúvida, visto que os seus desenhos foram comparados com as moedas conservadas no gabinete do Príncipe da Dinamarca ("Exame Crítico da Arqueologia do Novo Mundo" por Alexander von Humboldt, citado no ''Arquivo dos Açores'', Universidade dos Açores, Ponta Delgada, 1981, Ed. fac. pela Ed. de 1881, Vol. 3, pág. 111-2). As gravuras dessas moedas foram publicadas, primeiramente na revista sueca ''Memórias da Sociedade de Gotemburgo'', e reproduzidas na ''Açoreana'', em 1946, e no ''Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira'', em 1947.
   
 
[[Categoria:Lendas e Tradições]]
 
[[Categoria:Lendas e Tradições]]

Edição atual desde as 11h12min de 10 de setembro de 2018

Quando, em 1749, foram achadas várias moedas alegadamente fenícias ou cartaginesas na Ilha do Corvo, é natural que os defensores da tese da existência da Estátua Equestre tenham rejubilado. A lógica era: se havia moedas, é porque estiveram fenícios na Ilha do Corvo. É consensual que não há razões para duvidar da veracidade deste achado, nem da autenticidade das moedas de ouro e cobre. Mas isso, por si só, não prova que aquele povo do norte de África tenha alcançado as ilhas do Grupo Ocidental açoriano. O achado, a ter-se verificado, teve por certo outra origem, bem mais moderna e também mais fácil de sustentar.

Em 1761, o numismata sueco Johann Frans Podolyn relata o seguinte: «No mês de Novembro de 1749, após alguns dias de ventos tempestuosos de oeste, que puseram a descoberto parte dos alicerces de um edifício em ruínas na costa da Ilha do Corvo, apareceu uma vasilha de barro negro, quebrada que continha um grande número de moedas, as quais, juntamente com a vasilha, foram levadas a um convento» [ seria o Convento de São Boaventura, em Santa Cruz das Flores? ], «onde as moedas foram repartidas por pessoas curiosas residentes na ilha. Algumas dessas moedas foram enviadas para Lisboa e dali mais tarde remetidas ao padre Enrique Flórez, em Madrid. O número de moedas contidas na vasilha não se conhece e nem quantas foram mandadas de Lisboa, mas a Madrid chegaram 9 (nove) moedas. ... O padre Flórez fez-me presente destas moedas quando estive em Madrid em 1761, e disse-me que no todo do achado havia apenas moedas destas nove variedades.» (Achados Arqueológicos nos Açores, José Agostinho, em Açoreana, Vol. 4, fasc. 1, 1946, pág. 101-2 - O padre Enrique Flórez de Setién y Huidobro, (1701-1773), foi um conhecido historiador e numismata espanhol que pertenceu em vida à Ordem de Santo Agostinho.)

Quanto à autenticidade das nove moedas encontradas, o geógrafo alemão Alexander von Humboldt afirmou não haver disso a menor dúvida, visto que os seus desenhos foram comparados com as moedas conservadas no gabinete do Príncipe da Dinamarca ("Exame Crítico da Arqueologia do Novo Mundo" por Alexander von Humboldt, citado no Arquivo dos Açores, Universidade dos Açores, Ponta Delgada, 1981, Ed. fac. pela Ed. de 1881, Vol. 3, pág. 111-2). As gravuras dessas moedas foram publicadas, primeiramente na revista sueca Memórias da Sociedade de Gotemburgo, e reproduzidas na Açoreana, em 1946, e no Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, em 1947.