Enciclopédia Açores XXI
Registre-se
Advertisement

Com uma forma quase pentagonal, a Ilha do Faial emergiu de uma fratura tectónica de orientação ONO-ESSE – a mesma que deu origem à Ilha do Pico, denominada Fratura Faial Pico, uma estrutura do tipo transformante "leaky" que se desenvolve ao longo de 350 km, desde a Crista Média Atlântica (CMA) até uma área a sul da Fossa do Hirondelle. As suas elevações convergem, de um modo geral, para o centro da ilha onde se abre-se uma grande cratera de abatimento – a Caldeira. No seu fundo, situado a cerca de 570 m acima do nível médio do mar, existe pequeno cone e onde forma-se pequenos lagos. No seu sul, situa-se o Cabeço Gordo, que atinge uma altitude de 1 043 metros.

Geologicamente, a Ilha do Faial compreende 3 grandes divisões: Pertence ao "período Pré-Caldeira", o complexo vulcânico da Ribeirinha datado em 800 mil anos. É a parte mais antiga da ilha. Depois surge o complexo vulcânico da Caldeira, datado em 580 mil anos. Entre 400 mil anos até há 10 mil anos, foi-se desenvolvendo um cone vulcânico de tipo escudiforme, essencialmente constituído por derrames lávicos e uma atividade eruptiva predominantemente efusiva. Em resultado de uma importante atividade tetónica e vulcânica fissural, surgiu à cerca 50 mil anos, o relevo falhado da Costa Este - Garben de Pedro Miguel. É bastante notório um relevo falhado com levantamento (horst) [ designados localmente de Lombas ] e afundamento (graben) de blocos rochosos visíveis. Em resultado disso, surgiram vários cones periféricos [ designados localmente por Cabeços ] com derrames lávicos e erupções submarinas.

Há 10 mil anos, deu-se uma mudança de estilo eruptivo, quase exclusivamente explosiva, responsável pelos vastos depósitos de pedras-pomes e outros materiais piroclásticos que cobrem quase toda a ilha. A formação da Caldeira parecer ter resultado de dois episódios de colapso. O primeiro acontecimento ocorreu no seu interior. O segundo acontecimento foi originado por um violenta erupção do tipo pliniana. O abatimento da cratera terá ocorrido ao mesmo tempo ou imediatamente depois desta erupção. Mais de 40% da superfície da ilha de então, são cobertos por camadas de materiais piroclásticos para norte e leste.

A maior parte da cobertura vegetal, senão a sua totalidade, foi destruída. Surgiram várias enxurradas que resultaram de precipitação intensa [ resultante da condensação em torno das poeiras vulcânicas presentes na atmosfera ], do relevo íngreme e da inconsistência do solo. Poderá encontrar nas falésias da Praia do Norte vestígios das mesmas. Posteriormente, há cerca cerca de mil anos, ocorreu nova erupção com derrame lávico no interior da Caldeira. Desconhece-se qual a idade do pequeno cone no seu interior, e se este, estará relacionado com o complexo vulcânico do Capelo.

A Caldeira é uma cratera assimétrica e profunda do principal edifício vulcânico da Ilha do Faial, abatido de entre 200 m na parte norte e 400 m, na parte sul, relativamente ao cume. Encontra-se, assim, a altitudes entre 500 e 573 m. No fundo da Caldeira, por entre os depósitos de vertente, formou-se um pequeno cone vulcânico com 594 m de altitude e uma lagoa. É constituía por um acumulamento de materiais de projeção – de pedra pomes e cinzas, que atingem notável espessura nas proximidades na borda da cratera, diminuindo gradualmente à medida que se afastam da cratera central.

Segundo a descrição de Gaspar Frutuoso (1570-1580), a Caldeira manteve-se praticamente idêntica até à erupção do Vulcão dos Capelinhos, em Setembro de 1957. No decurso da crise sísmica de 13 de maio de 1958, abriram fendas no seu interior que romperam a impermeabilização do fundo da Caldeira. Este fato levou ao escoamento de suas águas para interior do cone central desencadeando violentas explosões freáticas [ contato do magma com a água ] e ocorrência de atividade fumarólica temporária. Em resultado do Sismo de 9 de julho de 1998, deram-se derrocadas nas paredes quase verticais da cratera. Pertence ao período pós-Caldeira, o complexo vulcânico do Capelo, datado em 4/5 mil anos. Em resultado de uma importante atividade vulcânica fissural ao longo de uma linha de fatura, surgiu um alinhamento de cones. Aqui se registaram duas erupções históricas que destruíram as freguesias do Capelo e da Praia do Norte:

  • Erupção do Cabeço do Fogo, entre 1672 a 1673.
  • Erupção na Ponta dos Capelinhos, entre 1957-1958.
  • Fumarolas temporárias no fundo da Caldeira - o Vulcã.o Central, em maio de 1957.associada à erupção do Vulcão dos Capelinhos,

Ainda durante o Século XX, a ilha registaram-se fortes crises sísmicas em 31 de agosto de 1926, da noite de 13 para 14 de maio 1958 - associada à erupção do Vulcão dos Capelinhos, de 23 de novembro de 1973 e de 9 de julho de 1998.

Citando o Observatório Vulcanológico e Sismológico da Universidade dos Açores, a Proteção Civil dos Açores informou que uma crise sísmica de baixa magnitude esteve em desenvolvimento na ilha desde 20 de maio de 2008, tem como referência epicentral a Lomba Grande (horst), na zona leste da ilha. A zona em causa abrange, além da freguesia de Pedro Miguel, também as freguesias da Ribeirinha e Salão.

Atividade vulcânica submarina[]

Segundo informações prestadas por alguns pescadores apontam para a ocorrência de uma erupção vulcânica submarina a 22 de Julho de 2007, num segmento próximo da Crista Média Atlântica a 400/500 m de profundidade, a cerca de 180 Km a sudoeste da Ponta da Capelinhos. O evento foi detetado a partir do sonar de uma embarcação, tendo na ocasião sido recolhidos alguns cabos com vestígios de terem estado expostos a altas temperaturas. O Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos (CVARG), conjuntamente com o Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP), informou que esta ocorrência não foi acompanhada por qualquer atividade sísmica registada nas estações do arquipélago, face à baixa magnitude dos eventos que normalmente se encontram associados a estes fenómenos e à distância a que o episódio se desenvolve. Investigações posteriores não confirmaram existência de atividade vulcânica submarina.

Saiba Mais[]

Ligações Externas[]

  • Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos (CVARG)
  • Observatório Vulcanológico e Sismológico da Universidade dos Açores
  • Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA)
Advertisement