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'''Ilha de Santa Maria''' se localiza a sudeste da [[Ilha de São Miguel]] e no extremo sudeste do arquipélago, a cerca de 57 milhas (105,5 Km) de [[Ponta Delgada (cidade)|Ponta Delgada]]. É a ilha mais oriental e meridional do arquipélago dos Açores. Éainda a terceira ilha mais pequena e a mais antiga. Juntamente com Ilha de São Miguel, faz parte do Grupo Oriental. Tem uma superfície total de 97,07 Km2 e uma população residente de 5 552 habitantes (Censos 2011). Tem uma densidade populacional de hab./Km2. Possui 5 110 eleitores inscritos (Autarquicas 2011). Seu gentílico é mariense.
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'''Ilha de Santa Maria''' se localiza a sudeste da [[Ilha de São Miguel]] e no extremo sudeste dos Açores, a cerca de 57 milhas (105,5 Km) de [[Ponta Delgada (cidade)|Ponta Delgada]]. É a ilha mais oriental e meridional do arquipélago dos Açores. É ainda a terceira ilha mais pequena e a mais antiga. Juntamente com Ilha de São Miguel, faz parte do Grupo Oriental. Tem uma superfície total de 97,07 Km2 e uma população residente de 5 552 habitantes (Censos 2011). Tem uma densidade populacional de hab./Km2. Possui 5 110 eleitores inscritos (Autarquicas 2011). Seu gentílico é mariense.
   
 
O município de Vila do Porto, o único da ilha, compreende 5 freguesias:
 
O município de Vila do Porto, o único da ilha, compreende 5 freguesias:
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Está dividida em duas regiões geomorfológicas distintas:
 
Está dividida em duas regiões geomorfológicas distintas:
   
* Uma extensa região aplanada e de baixa altitude, ocupando os 2/3 ocidentais da ilha, com uma altitude máxima de 277 m nos Piquinhos, com solos argilosos. A baixa altitude gera um clima seco, que dá a esta região da ilha um caráter distintamente mediterrânico, em forte contraste com o resto do arquipélago. No extremo sudoeste desta zona aplainada se situa as freguesias de Vila do Porto, de São Pedro e de Almagreira. O aeroporto de Santa Maria ocupa toda a faixa litoral oeste da ilha, aproveitando a paisagem plana do local sem obstáculos nas zonas de aproximação. Na costa sudoeste, na foz das duas ribeiras que ali confluem, encontra-se uma enseada onde se localiza o porto da Vila do Porto.
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* Uma extensa região aplanada e de baixa altitude, ocupando os 2/3 ocidentais da ilha, com uma altitude máxima de 277 m nos Piquinhos, com solos argilosos. Isso deu origem uma indústria de cerâmica utilitária, que chegou a ser exportada para outras ilhas. A baixa altitude gera um clima seco, que dá a esta região da ilha um caráter distintamente mediterrânico, em forte contraste com o resto do arquipélago. Esta zona aplainada se localiza as freguesias de Vila do Porto, de São Pedro e de Almagreira. O aeroporto de Santa Maria ocupa toda a faixa litoral oeste da ilha, aproveitando a paisagem plana do local sem obstáculos nas zonas de aproximação. Na costa sudoeste, na foz das duas ribeiras que ali confluem, encontra-se uma enseada onde se localiza o porto da Vila do Porto.
   
* O 1/3 oriental da ilha é constituído por terras altas muito acidentadas. Nesta região, encontra-se as freguesias de Santa Bárbara e de Santo Espírito, as mais rurais e mais agrícolas da ilha. Situa-se nesta zona, o Pico Alto - o ponto mais elevado da ilha (587 m), o Pico das Cavacas (491 m) e o Pico da Caldeira (481 m). A interceção da umidade dos ventos leva à formação de nuvens orográficas em torno do pico, propiciando abundante precipitação oculta e dando à área condições para a existência de uma vegetação rica e de alguma agricultura.
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* O 1/3 oriental da ilha é constituído por terras altas muito acidentadas. Nesta região, compreende as freguesias de Santa Bárbara e de Santo Espírito, as mais rurais e mais agrícolas da ilha. Situa-se nesta zona, o Pico Alto - o ponto mais elevado da ilha (587 m), o Pico das Cavacas (491 m) e o Pico da Caldeira (481 m). A interceção da umidade dos ventos leva à formação de nuvens orográficas em torno do pico, propiciando abundante precipitação oculta e dando à área condições para a existência de uma vegetação rica e de alguma agricultura.
   
A ilha têm um substrato basáltico deformado por fraturas que seguem a orientação preferencial NW-SW, intercalada uma densa rede filoniana com a mesma orientação. Intercalados nos basaltos se encontram algumas formações de caráter traquibasáltico. Sobre estes encontram-se extensas jazidas fossilíferas miocénico-pliocénicas e plistocénicas, incrustados em depósitos calcários de origem marinha. Foram formados num período de transgressão em que o nível médio do mar se encontraria a cerca de 40 m acima do atual. A presença destes depósitos únicos nos Açores, originou uma indústria de extração de calcário e fabrico de cal, que atingiu o seu auge no princípio do século XX, encontrando-se há muitos anos extinta.
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A ilha têm um substrato basáltico deformado por fraturas que seguem a orientação preferencial NW-SW, intercalada uma densa rede filoniana com a mesma orientação. Intercalados nos basaltos se encontram algumas formações de caráter traquibasáltico. Sobre estes encontram-se extensas '''jazidas fossilíferas''' miocénico-pliocénicas e plistocénicas, incrustados em depósitos calcários de origem marinha. Foram formados num período em que o nível médio do mar se encontrava a cerca de 40 m acima do atual. A presença destes depósitos únicos nos Açores, originou uma indústria de extração de calcário e fabrico de cal, que atingiu o seu auge no princípio do século XX, felizmente extinta.
   
A ilha começou por emergir a 8,12 milhões de anos, alternada com períodos de acalmia, oscilações do nível médio do mar e episódios de intensa erosão (marinha, eólica, ...). A parte ocidental da ilha têm datação de 4,8 milhões de anos, e a parte oriental da ilha, 2 milhões de anos. Apresenta baixa sismicidade. O seu vulcanismo não regista atividade há cerca de 2 milhões de anos.
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A ilha começou a emergir a 8,12 milhões de anos, alternada com períodos de acalmia, oscilações do nível médio do mar e episódios de intensa erosão (marinha, eólica, ...). A parte ocidental da ilha têm datação de 4,8 milhões de anos, enquanto a parte oriental da ilha, tem 2 milhões de anos. Os [[Ilhéus das Formigas]] têm datação de 4 milhões de anos. Apresenta baixa sismicidade e não regista atividade vulcânica há cerca de 2 milhões de anos.
   
 
== Sua história ==
 
== Sua história ==
Sua descoberta terá acontecido no regresso das expedições luso genovesas às Canárias, realizadas entre 1340-1345, durante o reinado de D. Afonso IV de Portugal. Em [[1351]], o portulano Mediceo Laurenziano [ ou atlas de Mideceu, atualmente na Biblioteca Nac. de Florença ], assinala a "Ilha da Cabrera". No atlas catalão de Jaffuda Cresques de 1375-77, a ilha recebeu o nome de "Isola del Lobo [ marinho ]". Está individualizada da "Isola del Cabras", a Ilha de São Miguel.
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Sua descoberta terá acontecido no regresso das expedições luso genovesas às Canárias, realizadas entre 1340-1345, durante o reinado de D. Afonso IV de Portugal. Em [[1351]], o portulano Mediceo Laurenziano [ ou atlas de Mideceu, atualmente na Biblioteca Nac. de Florença ], assinala a "Ilha da Cabrera". No atlas catalão de 1375-77, do cartógrafo maiorquino Jaffuda Cresques, a ilha recebeu o nome de "Isola del Lobo [ marinho ]". Está individualizada da "Isola del Cabras", a Ilha de São Miguel.
   
Em [[1427]], as ilhas foram avistadas pelo piloto português [[Diogo de Silves]]. Em [[1432]], ao serviço do infante D. Henrique, [[Gonçalo Velho Cabral]] desembarcou na ilha em sua viagem de reconhecimento. Data de 2 de julho de [[1439]], a carta-régia passada pelo infante D. Pedro, regente do Reino, autorizando o infante D. Henrique a mandar povoar as ilhas dos Açores - o grupo oriental e central. Gonçalo Velho recebeu do infante D. Henrique a comenda das ilhas de São Miguel e de Santa Maria.
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De acordo com Damião Peres, em [[1427]], as ilhas foram avistadas pelo piloto português [[Diogo de Silves]]. Em [[1432]], ao serviço do infante D. Henrique, [[Gonçalo Velho Cabral]] desembarcou na ilha em sua viagem de reconhecimento. Data de 2 de julho de [[1439]], a carta-régia passada pelo infante D. Pedro, regente do Reino, autorizando o infante D. Henrique a mandar povoar as ilhas dos Açores - o grupo oriental e central. Gonçalo Velho recebeu do infante D. Henrique a comenda das ilhas de São Miguel e de Santa Maria.
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O povoamento começou na Praia dos Lobos, junto da Ponta do Cabrestante. Fixaram-se na lomba ao longo da ribeira de Santa Ana [ ou Santana, a que se chamou do Capitão ], e a partir daí, dispersaram-se pela ilha. Já havia sido feitos progressos no povoamento na ilha de Santa Maria - e com certeza na ilha de São Miguel, segundo a carta régia de 5 de abril de [[1443]].
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A povoação do Porto, no sudoeste da ilha, terá sido fundada por Fernão do Quental. Fica no alto de uma lomba sobre uma pequena enseada, entre as pontas do Malmerendo e do Marvão e ladeada pelas ribeiras Grande (atualmente de São Francisco) e do Sancho.
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A terra era muito fértil, dava muito trigo e cevada, e muito pastel, o melhor que houve nas ilhas, ... são os gados muito gordos e encevados". Quanto a carne era "muito melhor a de carneiro e de ovelha". ([[Gaspar Frutuoso]], ''Saudades da Terra'', Livro 3, Instit. Cultural de Ponta Delgada, 2005, pág. 7-8, 65-9; [[Manuel Monteiro Velho Arruda]], Coleção de documentos relaticos ao descubrimento dos Açores, Instit. Cultural de Ponta Delgada, 1977, pág. 134-5)
   
O povoamento começou na Praia dos Lobos, junto da Ponta do Cabrestante. Fixaram-se na lomba ao longo da ribeira de Santa Ana [ ou Santana, a que se chamou do Capitão ], e a partir daí, dispersaram-se pela ilha. A terra era muito fértil, dava muito trigo e cevada, e muito pastel, o melhor que houve nas ilhas, ... são os gados muito gordos e encevados". Quanto a carne era "muito melhor a de carneiro e de ovelha". ([[Gaspar Frutuoso]], ''Saudades da Terra'', Livro 3, Instit. Cultural de Ponta Delgada, 2005, pág. 7-8, 65-9; [[Manuel Monteiro Velho Arruda]], Coleção de documentos relaticos ao descubrimento dos Açores, Instit. Cultural de Ponta Delgada, 1977, pág. 134-5) A povoação do Porto, no sudoeste da ilha, terá sido fundada por Fernão do Quental. Fica no alto de uma lomba sobre uma pequena enseada, entre as pontas do Malmerendo e do Marvão e ladeada pelas ribeiras Grande (atualmente de São Francisco) e do Sancho.
 
 
Em carta de 18 de setembro de [[1460]], o infante D. Henrique, [[Donatário dos Açores]], entregou a autoridade religiosa nas ilhas à Ordem de Cristo. Pelo testamento do infante D. Henrique de 13 de outubro, a ilha veio a pertencer ao infante D. Fernando, seu sobrinho. O rei D. Afonso V, em carta de 3 de dezembro, confirmou a Donatária dos Açores ao infante D. Fernando, então Duque de Viseu e Mestre da Ordem de Cristo.
 
Em carta de 18 de setembro de [[1460]], o infante D. Henrique, [[Donatário dos Açores]], entregou a autoridade religiosa nas ilhas à Ordem de Cristo. Pelo testamento do infante D. Henrique de 13 de outubro, a ilha veio a pertencer ao infante D. Fernando, seu sobrinho. O rei D. Afonso V, em carta de 3 de dezembro, confirmou a Donatária dos Açores ao infante D. Fernando, então Duque de Viseu e Mestre da Ordem de Cristo.
==Capitania-donataria==
 
   
 
== Capitania-donataria ==
[[João Soares de Albergaria]], sobrinho de Gonçalo Velho, foi o herdeiro da '''Capitania-donataria de São Miguel e de Santa Maria'''. Foi ele que impulsionou o povoamento das ilhas. A povoação do Porto foi elevada a vila e sede de município - em data desconhecida - mas anterior a [[1472]]. Por carta datada de 10 de março de [[1474]], foi confirmada a Capitania-donataria de São Miguel, com sede em [[Vila Franca do Campo (município)|Vila Franca do Campo]], a [[Rui Gonçalves da Câmara]], ficando João Soares de Albergaria com a '''Capitania-donataria de Santa Maria''', com sede na Vila do Porto.
 
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[[João Soares de Albergaria]], sobrinho de Gonçalo Velho, foi o herdeiro da '''Capitania-donataria de São Miguel e de Santa Maria'''. Foi ele que deu novo impulso ao povoamento das ilhas. Já haviam sido feitos progressos no povoamento na ilha de Santa Maria - e com certeza na ilha de São Miguel, segundo a carta régia de 5 de abril de [[1443]].
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A povoação do Porto foi elevada a vila e sede de município - em data desconhecida - mas anterior a [[1472]]. Por carta datada de 10 de março de [[1474]], é confirmada a Capitania-donataria de São Miguel, com sede em [[Vila Franca do Campo (município)|Vila Franca do Campo]], a [[Rui Gonçalves da Câmara]], ficando João Soares de Albergaria com a '''Capitania-donataria de Santa Maria''', com sede na Vila do Porto.
   
 
A 18 de fevereiro de [[1493]], Cristóvão Colombo desembarca na baia dos Anjos, no regresso da sua primeira viagem às Antilhas (América Central) ao serviço de Espanha. Em cumprimento de um voto, mandou rezar uma missa na Ermida N. Sra. dos Anjos. Foram presos por ordem de João da Castanheira, lugar-tenente de Soares de Albergaria, até ao completo esclarecimento da razão da sua vinda.
 
A 18 de fevereiro de [[1493]], Cristóvão Colombo desembarca na baia dos Anjos, no regresso da sua primeira viagem às Antilhas (América Central) ao serviço de Espanha. Em cumprimento de um voto, mandou rezar uma missa na Ermida N. Sra. dos Anjos. Foram presos por ordem de João da Castanheira, lugar-tenente de Soares de Albergaria, até ao completo esclarecimento da razão da sua vinda.

Revisão das 13h07min de 2 de fevereiro de 2012

Ilha de Santa Maria se localiza a sudeste da Ilha de São Miguel e no extremo sudeste dos Açores, a cerca de 57 milhas (105,5 Km) de Ponta Delgada. É a ilha mais oriental e meridional do arquipélago dos Açores. É ainda a terceira ilha mais pequena e a mais antiga. Juntamente com Ilha de São Miguel, faz parte do Grupo Oriental. Tem uma superfície total de 97,07 Km2 e uma população residente de 5 552 habitantes (Censos 2011). Tem uma densidade populacional de hab./Km2. Possui 5 110 eleitores inscritos (Autarquicas 2011). Seu gentílico é mariense.

O município de Vila do Porto, o único da ilha, compreende 5 freguesias:

Geologia

A ilha tem uma forma grosseiramente oval, com comprimento máximo no sentido noroeste-sudeste de 16,8 Km, e norte-sul de 9,1 Km. O litoral é em geral escarpado, atingindo os 340 m de altura nas arribas do lugar da Rocha Alta. Tem um conjunto de promontórios muito pronunciadas (do Malmerendo, do Marvão, do Castelo e do Norte), demarcando algumas baías abrigadas com praias de areia branca - São Lourenço e Praia Formosa. Existem ilhéus de diferentes dimensões - o Ilhéu da Vila, o Ilhéu do Mar da Barca, o Ilhéu de São Lourenço (chamado também de Romeiro) e o Ilhéu das Lagoínhas.

Está dividida em duas regiões geomorfológicas distintas:

  • Uma extensa região aplanada e de baixa altitude, ocupando os 2/3 ocidentais da ilha, com uma altitude máxima de 277 m nos Piquinhos, com solos argilosos. Isso deu origem uma indústria de cerâmica utilitária, que chegou a ser exportada para outras ilhas. A baixa altitude gera um clima seco, que dá a esta região da ilha um caráter distintamente mediterrânico, em forte contraste com o resto do arquipélago. Esta zona aplainada se localiza as freguesias de Vila do Porto, de São Pedro e de Almagreira. O aeroporto de Santa Maria ocupa toda a faixa litoral oeste da ilha, aproveitando a paisagem plana do local sem obstáculos nas zonas de aproximação. Na costa sudoeste, na foz das duas ribeiras que ali confluem, encontra-se uma enseada onde se localiza o porto da Vila do Porto.
  • O 1/3 oriental da ilha é constituído por terras altas muito acidentadas. Nesta região, compreende as freguesias de Santa Bárbara e de Santo Espírito, as mais rurais e mais agrícolas da ilha. Situa-se nesta zona, o Pico Alto - o ponto mais elevado da ilha (587 m), o Pico das Cavacas (491 m) e o Pico da Caldeira (481 m). A interceção da umidade dos ventos leva à formação de nuvens orográficas em torno do pico, propiciando abundante precipitação oculta e dando à área condições para a existência de uma vegetação rica e de alguma agricultura.

A ilha têm um substrato basáltico deformado por fraturas que seguem a orientação preferencial NW-SW, intercalada uma densa rede filoniana com a mesma orientação. Intercalados nos basaltos se encontram algumas formações de caráter traquibasáltico. Sobre estes encontram-se extensas jazidas fossilíferas miocénico-pliocénicas e plistocénicas, incrustados em depósitos calcários de origem marinha. Foram formados num período em que o nível médio do mar se encontrava a cerca de 40 m acima do atual. A presença destes depósitos únicos nos Açores, originou uma indústria de extração de calcário e fabrico de cal, que atingiu o seu auge no princípio do século XX, felizmente extinta.

A ilha começou a emergir a 8,12 milhões de anos, alternada com períodos de acalmia, oscilações do nível médio do mar e episódios de intensa erosão (marinha, eólica, ...). A parte ocidental da ilha têm datação de 4,8 milhões de anos, enquanto a parte oriental da ilha, tem 2 milhões de anos. Os Ilhéus das Formigas têm datação de 4 milhões de anos. Apresenta baixa sismicidade e não regista atividade vulcânica há cerca de 2 milhões de anos.

Sua história

Sua descoberta terá acontecido no regresso das expedições luso genovesas às Canárias, realizadas entre 1340-1345, durante o reinado de D. Afonso IV de Portugal. Em 1351, o portulano Mediceo Laurenziano [ ou atlas de Mideceu, atualmente na Biblioteca Nac. de Florença ], assinala a "Ilha da Cabrera". No atlas catalão de 1375-77, do cartógrafo maiorquino Jaffuda Cresques, a ilha recebeu o nome de "Isola del Lobo [ marinho ]". Está individualizada da "Isola del Cabras", a Ilha de São Miguel.

De acordo com Damião Peres, em 1427, as ilhas foram avistadas pelo piloto português Diogo de Silves. Em 1432, ao serviço do infante D. Henrique, Gonçalo Velho Cabral desembarcou na ilha em sua viagem de reconhecimento. Data de 2 de julho de 1439, a carta-régia passada pelo infante D. Pedro, regente do Reino, autorizando o infante D. Henrique a mandar povoar as ilhas dos Açores - o grupo oriental e central. Gonçalo Velho recebeu do infante D. Henrique a comenda das ilhas de São Miguel e de Santa Maria.

O povoamento começou na Praia dos Lobos, junto da Ponta do Cabrestante. Fixaram-se na lomba ao longo da ribeira de Santa Ana [ ou Santana, a que se chamou do Capitão ], e a partir daí, dispersaram-se pela ilha. Já havia sido feitos progressos no povoamento na ilha de Santa Maria - e com certeza na ilha de São Miguel, segundo a carta régia de 5 de abril de 1443.

A povoação do Porto, no sudoeste da ilha, terá sido fundada por Fernão do Quental. Fica no alto de uma lomba sobre uma pequena enseada, entre as pontas do Malmerendo e do Marvão e ladeada pelas ribeiras Grande (atualmente de São Francisco) e do Sancho.

A terra era muito fértil, dava muito trigo e cevada, e muito pastel, o melhor que houve nas ilhas, ... são os gados muito gordos e encevados". Quanto a carne era "muito melhor a de carneiro e de ovelha". (Gaspar Frutuoso, Saudades da Terra, Livro 3, Instit. Cultural de Ponta Delgada, 2005, pág. 7-8, 65-9; Manuel Monteiro Velho Arruda, Coleção de documentos relaticos ao descubrimento dos Açores, Instit. Cultural de Ponta Delgada, 1977, pág. 134-5)

Em carta de 18 de setembro de 1460, o infante D. Henrique, Donatário dos Açores, entregou a autoridade religiosa nas ilhas à Ordem de Cristo. Pelo testamento do infante D. Henrique de 13 de outubro, a ilha veio a pertencer ao infante D. Fernando, seu sobrinho. O rei D. Afonso V, em carta de 3 de dezembro, confirmou a Donatária dos Açores ao infante D. Fernando, então Duque de Viseu e Mestre da Ordem de Cristo.

Capitania-donataria

João Soares de Albergaria, sobrinho de Gonçalo Velho, foi o herdeiro da Capitania-donataria de São Miguel e de Santa Maria. Foi ele que deu novo impulso ao povoamento das ilhas. Já haviam sido feitos progressos no povoamento na ilha de Santa Maria - e com certeza na ilha de São Miguel, segundo a carta régia de 5 de abril de 1443.

A povoação do Porto foi elevada a vila e sede de município - em data desconhecida - mas anterior a 1472. Por carta datada de 10 de março de 1474, é confirmada a Capitania-donataria de São Miguel, com sede em Vila Franca do Campo, a Rui Gonçalves da Câmara, ficando João Soares de Albergaria com a Capitania-donataria de Santa Maria, com sede na Vila do Porto.

A 18 de fevereiro de 1493, Cristóvão Colombo desembarca na baia dos Anjos, no regresso da sua primeira viagem às Antilhas (América Central) ao serviço de Espanha. Em cumprimento de um voto, mandou rezar uma missa na Ermida N. Sra. dos Anjos. Foram presos por ordem de João da Castanheira, lugar-tenente de Soares de Albergaria, até ao completo esclarecimento da razão da sua vinda.

João Soares de Sousa, filho de João Soares de Albergaria e de Branca de Sousa Falcão, que viria a ser o 2º Capitão-do-donatário da ilha. Como tinha apenas 6 anos de idade quando seu pai faleceu, ficou a governar a ilha como lugar-tenente durante a sua menoridade, João de Marvão, escudeiro da Casa Real e almoxarife em Vila do Porto.

João Soares de Sousa assumiu a capitania por volta de 1522. Sendo o cargo foi confirmado por carta-régia datada de 13 de março de 1527. Manteve-se no cargo até 1571, ano em que faleceu com mais de 78 anos de idade. Foi sepultado na capela-mor da Igreja de N. Sra. da Assunção, junto à porta da sacristia. Na rua de Gonçalo Velho, na Vila do Porto, existem as ruínas da casa de Soares de Sousa.

Ele desposou Guiomar da Cunha, filha de Francisco da Cunha, um primo do vice-rei da Índia D. Afonso de Albuquerque, e de Brites da Câmara, neta de João Gonçalves Zarco, o 1º capitão-do-donatário do Funchal. Falecida a primeira esposa, desposou Jordoa Faleiro, filha de Fernão Vaz Faleiro, tabelião em Vila do Porto, e de D. Filipa de Resendes. Falecida esta, desposou em terceiras núpcias Maria de Andrade, filha de Nuno Fernandes Velho. De seus três casamentos, João Soares de Sousa teve 24 filhos.

Do seu casamento com Guiomar da Cunha nasceu Pedro Soares de Sousa, que veio a suceder a seu pai como 4º capitão-do-donatário. Mandou edificar a Ermida de N. Sra. do Livramento, por voto alusivo a tomada da ilha por piratas argelinos, comandados pelo genovês Tabaqua Raz, em 7 de junho de 1616. Durou quase uma semana a ocupação. Segundo a tradição local, parte da população se refugiou na furna de Santana para fugir aos saques, incêndios, torturas e raptos. Em 1675, os piratas regressaram à Baía dos Anjos e, quando partem, levam consigo prisioneiros para os vender como escravos.

Monumentos e museus

O Forte de São Brás, foi edificado durante a ocupação filipina (século XVII) para defesa da Vila do Porto. Tem no seu interior a Capela de N. Sra. da Conceição, que foi a primeira igreja matriz. Possui junto um obelisco em homenagem ao comandante Carvalho Araújo e tripupação do caças-minas "NRP Augusto Castilho". Foi a última baixa portuguesa na I Guerra Mundial.

O Convento de São Francisco original foi fundado em 1607. Destruído pelos piratas em 1616, foi reconstruído em 1725. Atualmente, nele estão instalados alguns serviços públicos. Em anexo está a Igreja de N. Sra. da Vitória, com um painel de azulejos de muito valor, do século XVII, representando os milagres de Santo António.

A Igreja da N. Sra. da Assunção, atual Matriz da Vila do Porto, sua construção é nos finais do século XV. A Igreja da Misericórdia, cuja a construção é anterior a 1536, possui um retábulo da rainha Santa Isabel e uma imagem do Senhor dos Passos, uma das mais bonitas dos Açores. Foi saqueada por corsários franceses em 1576. Sofreu obras de remodelação em 1803. Anualmente desde 1707, desta igreja sai a tradicional procissão do Senhor dos Passos. A Capela de Santa Maria Madalena foi construída em 1594, pelo padre Corvelo Resende. Em 1600, foi nela dita a 1.ª missa. O Convento de Santa Maria Madalena que pertenceu à Ordem de Santa Clara.

Possui um Centro de interpretação ambiental Dalberto Pombo, na Vila do Porto, inaugurado a 21 de agosto de 2009.

A "Banda 14 de Agosto" foi fundada a 14 de setembro de 1899, na Vila do Porto.

A "Banda Recreio Espirituense", fundada em 1923 pelo padre da freguesia, padre Joaquim de Chaves, com a então designação "Sociedade Musical Espirituense". Em 1993, adquiriu estatutos próprios, tornando-se uma associação sem fins lucrativos, adotando a atual designação. Posteriormente, em 23 de março de 1998, obteve o estatuto de utilidade pública, vindo a ser homenageada, em agosto desse mesmo ano, pela Câmara Municipal de Vila do Porto pelos relevantes serviços prestados a nível da animação musical e recreativa. Economia A sustentação atual da economia da ilha é o setor terciário - com destaque para a atividade aeronáutica e o turismo, emboa seja importante a atividade agro-pecuária e piscatória. Destaque para o Aeroporto de Santa Maria.

Sedia o Centro de Controlo de Santa Maria da NAV Portugal, onde a região de informação de voo (FIR) abrange área do Atlântico Norte, se estende para sul, até à FIR do arquipélago de Cabo Verde, e a oeste, à FIR de Nova Iorque. É uma das maiores e mais importantes FIR do mundo.

Foi ainda instalada uma Estação de rastreio de satélites da Agência Espacial Europeia (ESA). Além de fazer rastreio de satélites de lançamentos de foguetões espaciais, fornece suporte aos projetos europeus de segurança sarítima e de sonitorização e segurança ambiental global.

O Grupo SATA anunciou a 7 de janeiro de 2012, o arranque das obras para a construção do Centro de treinos do Grupo SATA. Ficará localizado no Aeroporto de Santa Maria, visando assim aproveitar as infraestruturas da aviação já existentes. Destina-se principalmente a pessoal navegante e de Handling.

Saiba Mais

  • Vila do Porto
  • Aeroporto de Santa Maria
  • Farol de Gonçalo Velho na Ponta do Castelo, freguesia do Santo Espírito (36º 55,72' N / 25º 00,99' W)
  • Estação LORAN de Santa Maria - antigas instalações da OTAN
  • Ilhéus das Formigas (Reserva Natural Regional), compreende tanto os ilhéus a 23 milhas [ 42,6 Km ] a noreste de Santa Maria ] como uma extensa área marítima adjacente, que inclui o recife submerso Dollabarat, a 3 milhas [ 5,56 Km ] a sul-sueste dos ilhéus. (criado pelo DLR 26/2003/A de 27/5/2003)
  • Parque Natural da Ilha de Santa Maria (criado pelo DLR 47/2008/A de 7/11/2008). Integra as Jazidas de fósseis de Santa Maria. Existem cerca 15 jazidas fósseis com idades do final do Miocénico e início do Pliocénico, entre 7 e 5 milhões de anos, e 3 jazidas do Plistocénico, entre 130 e 117 mil anos.

Personalidades

Ligações externas