Enciclopédia Açores XXI
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Ilha de São Miguel, juntamente com a Ilha de Santa Maria, formam as ilhas do Grupo Oriental. É a maior ilha dos Açores com área total de 746,79 Km2, representando 35% da superfíce total dos Açores. Tem 137 699 de população residente (Censos 2011), que corresponde a 56% da população açoriana. Compreende seis municípios: Lagoa (45,56 Km2), Nordeste (101,51 Km2), Ponta Delgada (231,92 Km2), Povoação (110,3 Km2), Ribeira Grande (179,5 Km2) e Vila Franca do Campo (78,0 Km2). Possui duas cidades, Ponta Delgada, a principal cidade dos Açores, e Ribeira Grande. Diante de Vila Franca do Campo, fica o Ilhéu da Vila Franca, Reserva Natural a cerca de 1 Km da costa, visitável apenas no verão.

Geologia[]

A parte ocidental ilha é atravessada pelo Rifte da Terceira (RTer), que se estende perpendicular à Crista Média Atlântica (CMA) até à Falha Glória, a ESE da Ilha de Santa Maria. Compreende um vulcanismo de vale de Rifte e fissural, alimentado por "hotspot" (ponto quente) na crosta oceanica relacionado com a ascensão de massas de magma de zonas mais profundas do manto.

É a ilha com mais vulcões ativos, designadamente o vulcão das Sete Cidades, o sistema vulcânico fissural dos Picos e do Congro, o vulcão de Água de Pau (Fogo) e o vulcão das Furnas. As primeiras erupções históricas subaéreas ocorridas na ilha após o início do povoamento foram em 1439 (?), no vulcão das Sete Cidades, em 1444 (?), 1563 e 1630, no vulcão das Furnas. Uma das maiores erupções vulcânicas registadas nos Açores desde do povoamento ocorreu no vulcão das Furnas, a 3 de setembro de 1630.

O Nordeste é a parte mais antiga da Ilha. Os primeiros vulcões do Nordeste emergiram à 4,1 milhões de anos, formando uma pequena ilha onde agora situa o Nordeste. À 3 milhões de anos, surgiu o vulcão de Povoação. Depois, formou-se o complexo vulcânico da Furnas à 750 mil de anos. A cerca de 500 mil anos, uma ilha primitiva foi formada a oeste do complexo vulcânico das Furnas, que deu origem ao complexo vulcânico das Sete Cidades. Mais tarde, 250 mil anos depois, um vulcão emergiu no litoral oeste do complexo vulcânico das Furnas, formando o complexo vulcânico de Água de Pau (Fogo). Durante meio milhão de anos houve um canal separava as duas ilhas. Estas se uniram há 50 mil anos, quando surgiu a plataforma de Ponta Delgada.

Em termos paisagísticos, o nordeste da ilha é a região melhor preservada. Sucedem-se lombas, planaltos, altas montanhas, profundos desfiladeiros onde correm ribeiras caudalosas e pontas de terra. Na Serra da Tronqueira, fica o Pico da Vara - a mais alta montanha da ilha, com 1 105 metros. O fundo de crateras de antigos vulcões serve de leito a belas lagoas como as Lagoas das Sete Cidades (complexo vulcânico das Sete Cidades), a Lagoa do Fogo (complexo vulcânico de Água de Pau), a Lagoa do Congro (o graben da Lagoa do Congro) e a Lagoa das Furnas (complexo vulcânico das Furnas).

A atividade sismica de origem tectónica concentra-se ao longo de três falhas ativas. Manifesta-se sob a forma de elevado número de microssismos - com magnitude inferior a 3. Na ilha, é feito o aproveitamento da energia energia geotérmica para produzir energia elétrica. Também tira-se partido das propriedades químicas da água, bem como da temperatura a que esta emerge, para fins medicinais.

Sua história[]

O povoamento da ilha começou a partir de 1439, pelo lugar da Povoação [ isto é, povoação de gente ]. A ilhas recém descobertas dos Açores, eram uma comenda dada pelo infante D. Henrique a Gonçalo Velho Cabral, ficando o comendador com a obrigação de mandar povoar as ilhas e as defender. Incentivos ao povoamento foram dados por cartas régias de 1443 e em 1447. "Estava esta ilha, logo que se achou, muito cheia de alto, fresco e grosso arvoredo, de cedros, louro, ginjas, sanguinho, faias, pau branco e outra sorte de árvores ..." (Gaspar Frutuoso, Saudades da Terra, Livro 4, vol. 2, pág. 25)

A densa cobertura vegetal da ilha à época do seu descobrimento, deu lugar à abertura de campos de cultivo, ao uso de madeira como fonte energética e de material de construção. A fertilidade do solo e a posição geográfica da ilha, contribuiram para uma rápida expansão económica, centrada na produção do trigo (para as guarnições portuguesas das praças do norte de África), da cana-de-açúcar, do pastel e da urzela - as plantas tintureiras exportadas para a Flandres.

Em 1450, terá sido formada a Capitania-donataria de São Miguel e de Santa Maria, tendo como capitão-do-donatário, Gonçalo Velho Cabral. Embora não se conheça o ano da sua fundação, é certo que Vila Franca do Campo é a mais antiga vila da ilha. Já era vila em 1472. Em 1474, era sede da Capitania-donataria de São Miguel.

A 10 de março de 1474, João Soares de Albergaria, sobrinho de Gonçalo Velho, vendeu os direitos sobre a Ilha de São Miguel a Rui Gonçalves da Câmara, passando este a ser o seu 1º capitão-do-donatário de São Miguel. No documento é dito que "a dita ilha desde do começo da sua povoação até ao presente é muito mal aproveitada e pouco povoada". A venda é confirmada pelo rei D. Afonso V a 20 de maio. Foi reconfirmada pelo então Donatário dos Açores, o infante D. Diogo, filho do infante D. Fernando, a 25 de julho de 1483.

A 2 de maio de 1499, por alvará de D. Manuel I, foi criada a vila de Ponta Delgada. A burguesia e nobreza do lugar Ponta Delgada se opunham à dependência administrativa e fiscal de Vila Franca do Campo. Em 4 agosto de 1507, o lugar de Ribeira Grande, na costa norte, foi elevado à categoria de vila. Em 28 de julho de 1515, o lugar de Água de Pau foi elevado à categoria de vila. Em 18 de julho de 1514, o lugar do Nordeste foi elevado à categoria de vila. A 11 de abril de 1522, o lugar da Lagoa foi elevado à categoria de vila, por alvará de D. João III.

Em 3 de julho de 1839, por alvará de D. Maria II, os lugares de Povoação e de Capelas são elevados à categoria de vila.

Em 20 de outubro de 1522, o capitão-do-donatario Rui Gonçalves da Câmara, fixa sua residência em Ponta Delgada. O sismo de 22 de outubro, que soterrou a Vila Franca do Campo, fez Ponta Delgada adquirir proeminência. Ponta Delgada foi elevada a cidade por alvará de D. João III, em 2 de abril de 1546.

Em 17 de julho de 1582, um exército leal a D. António, Prior do Crato, foi derrotado pelos espanhóis de Filipe II de Espanha, no lugar depois chamado de Batalha, no lugar dos Aflitos, na freguesia dos Fenais da Luz. Em 26 de julho de 1583, uma esquadra francesa, juntamente com portugueses - em apoio de D. António, foi derrotada pelos espanhóis, em frente a Vila Franca do Campo. Findou assim a resistência ao domínio espanhol.

Em 18 de abril de 1641, foi aclamado rei D. João IV em Ponta Delgada. Com a Restauração da Independência, a cidade de Ponta Delgada recuperou a sua posição de centro comercial, desenvolvendo contatos com o Brasil, para onde foram emigrantes (Maranhão, Santa Cataria e Rio Grande do Sul). No decurso do século XVIII, registou um surto de notáveis construções, desde solares a igrejas. Isto se deveu em grande parte à riqueza originada com a produção e a exportação de laranja, cujo principal mercado era a Inglaterra.

Em 1831, desembarca o exército liberal no Pesqueiro da Achadinha, no nordeste da ilha, sob o comando do futuro Duque da Terceira, para derrotar o exército absolutista. Em 1832, parte de Ponta Delgada uma força militar que iria participar no cerco do Porto. O infante D. Pedro proclamou a Monarquia Constitucional e declarou como rainha D. Maria II, sua filha. Terminada a guerra civil, prosseguiu o desenvolvimento em curso da ilha. É construído o porto de Ponta Delgada. Introduz-se novas culturas, nomeadamente do chá, tabaco, ananás e maracujá.

No contexto da I Guerra Mundial, a 4 de julho de 1917, Ponta Delgada e seus arredores foram bombardeadas por granadas do "Deutchland", um submarino alemão da classe U-115. O submarino foi repelido pelo fogo de artilharia do navio carvoeiro norte-americano "Orion" estacionado na doca, apoiado pela artilharia na Madre de Deus mal posicionada,. A partir desse ataque, foi instalada pelos EUA uma base naval de apoio em Ponta Delgada, que se manteve em operação até setembro de 1919. Nesse período, cerca de 2 000 navios passaram pelo porto. O abastecimento a essas embarcações e a milhares de militares em trânsito, resguardou a economia da ilha das dificuldades da I Guerra Mundial e possibilitou a formação de algumas pequenas fortunas.

Atualmente, a ilha têm uma economia diversificada e em crescimento. O desenvolvimento assenta na agro-pecuária, da pesca e indústrias agro-alimentares, turismo ajudam a relançar a economia e contribuem para o atual crescimento económico e social. Ponta Delgada, principal cidade dos Açores, é um dos centros de decisão política e administrativa da Região.

Saiba Mais[]

Ligações Externas[]

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