Gentílico | {Predefinição:Conceiçonense, hortense | |
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Localização no município de {{{Município}}} }} | ||
Fundação | 30 de julho de 1568 | |
Orago | ||
Endereço | ||
Furnas é uma freguesia do município da Povoação, com 70,20 km2 de área e 1 599 habitantes (2007). Densidade: 75,5 hab./km². Localiza-se a uma latitude 39.7626 (37°'46) Norte e a uma longitude 25.31667 (25°19') Oeste, estando a uma altitude de 109 metros. Localiza-se a este de Ponta Delgada e Lagoa e sudoeste de Ribeira Grande. As principais atividades económicas são a agricultura e turismo. Confronta com o Oceano Atlântico a sul e montanhas a norte.
As Furnas são muito conhecidas pelas suas águas térmicas, nomeadamente as caldeiras, a Poça da Beija e piscinas térmicas. Para além disso as Furnas são conhecidas pelo Hotel Terra Nostra constituído por uma piscina natural de águas termais e um magnifico jardim botânico, e ainda também se pode visitar o parque natural onde se encontra alguns animais e algumas espécies de plantas. Também é nas Furnas que se encontra uma lagoa (Lagoa das Furnas).
São também tradicionais e exclusivos das Furnas, os bolos lêvedos e o famoso cozido (a carne demora cerca de 5 a 6 horas e o bacalhau cerca de 3 a 4 horas) nas caldeiras. As Furnas possuem uma das maiores e mais diversificadas colecções botânicas do arquipélago.
Caraterização das Furnas[]
Localização e limites
Nome da Freguesia: Furnas
Localização:A freguesia de Furnas ocupa a área oeste do concelho da Povoação e zona este da ilha de S.Miguel [1], limita a Sul com a freguesia da Ribeira Quente, a Este com a freguesia da Povoação, a Norte com a freguesia da Ribeira Quente e a Oeste com o Conselho de Vila Franca do Campo.
Coordenadas: O ponto central da freguesia situa-se nas seguintes coordenadas( segundo o DATUM de S.Brás): X= 647758,755774 e Y= 4181345,85021(Sistema de Coordenadas UTM/ Fuso 26; Datum de S.Braz).
Área:33,88 Km²
Infra Estruturas
Rede de Estradas e Caminhos
As características específicas de cada uma das vias que integram na rede viária constam do Decreto Legislativo Regional n.º 18/2003/A de 9 de Abril. Neste decreto estão constituídas servidões administrativas que definem as larguras das vias:
•Nas Estradas Regionais de 1.ª, uma faixa com uma largura de 15 metros para cada lado do limite da via; •Nas Estrada Regionais de 2.ª, uma faixa com uma largura de 10 metros para cada lado do limite da via; •Nas Estradas e Caminhos Municipais, uma faixa com largura de 6 ou 4,5 metros para cada lado do limite da via.
A rede viária existente na área de estudo inclui vias de tipologia, estrutura de pavimento, largura e estado de conservação variados. No que se refere à tipologia, encontram-se na zona em estudo, vias de nível regional, estradas municipais, caminhos de acesso local e caminhos de acesso às zonas de pastagens.
Rede de Trilhos Pedestres
A construção de percursos pedestres vocacionados para o Turismo de Natureza, constitui uma maneira de olhar para o espaço com enormes impactes ambientais positivos.
Foi proposta (2007), uma faixa de protecção de 10 metros para cada lado do eixo de via do trilho, para cada um dos percursos pedestres oficiais de S. Miguel, em simultâneo da Freguesia das Furnas, o que irá estabelecer em simultâneo um perímetro de protecção dos trilhos, caso esta proposta seja aceite legalmente.
Na freguesia das Furnas o Trilho pedestre Parque Terra Nostra/ Lagoa das Furnas e o Trilho pedestre Pico do Ferro/ Caldeiras da Lagoa das Furnas, são dos percursos mais conhecidos da região.
Infra estruturas de Saneamento básico
Furos e Nascentes
As variadas Nascentes existentes na freguesia alimentam a maioria dos cursos de água da região. Estas estão dispersas pela maior parte da freguesia, nomeadamente na zona Nordeste desta. A água destas nascentes é captada através da execução de furos.
Condutas Adutoras
Segundo o Decreto Lei n.º 23/95 de 23 de Agosto, as condutas adutoras com diâmetros superiores a 200 mm, devem ter uma faixa de protecção com 6 metros de largura, portanto corresponde a 3 metros para cada lado dos eixos das respectivas condutas. São estas as condutas que transportam a água da fonte (nascente) para a estação de tratamento.
Caracterização Sócio-Económica[]
Neste capítulo procede- se à caracterização Sócio – Económica da área abrangida pela freguesia das Furnas, de acordo com a Proposta de Plano Director Municipal de Povoação.
População e Território
De acordo o Censo de 2001, a população residente na freguesia de Furnas é de 1541 pessoas, valor que traduz um decréscimo relativo a anos anteriores.
A freguesia em questão, demonstra um ligeiro crescimento entre 1900 e 1911, registando um ligeiro decréscimo em 1920 e novamente um crescimento até 1950, entrando, em seguida, em acentuado declínio até 2001. Portanto podemos concluir que actualmente não existem tantas pessoas como existiam à uma década atrás. Em comparação com as outras freguesias do Concelho, esta é uma das freguesias mais populosas do Concelho.
As sociedades modernas vêm registando importantes mudanças nas estruturas familiares, quer em termos de dimensão, quer de composição. Ao longo da da última década, o número de familias existentes na Freguesia das Furnas tem vindo a diminuir, nomeadamente, desde 1970. O valor máximo atingido de número de familias residentes na freguesia ocorreu em 1960, as quais atingiram um valor de 758 famílias. Este valor tem vindo a diminuir desde aí, atingindo em 2001 um total de 462 famílias residentes na freguesia. Como o número de habitantes da freguesia diminuiu nesta época é a razão pela qual se verifica este decréscimo.
Actividade Económica
Na freguesia em questão são desenvolvidas actividades tanto a nível do Sector Primário, Secundário com do Sector Terciário, dentro destas destacam – se:
•Sector Primário: Agro – pecuária; •Sector Secundário: Artesanato e Construção Civil •Sector Terciário: Comércio, Restauração, Hotelaria e Turismo.
Relativamente à restauração, é possível saborear sabores regionais nos diversos restaurantes aí predominantes, desde:
- “O Miroma”; - “ O Tony´S”; - “Kaldeiran”; -“Àguas Quentes”; - “O Padrinho”;
Um dos pratos mais servidos na freguesia é o “Cozido Das Furnas”, o qual é cozinhado com o calor geotérmico, abundante nesta freguesia.
A restauração é uma enorme contribuição para o equilíbrio da economia da freguesia, pois os restaurantes anteriormente referidos são muito frequentados, nomeadamente por turistas, sobretudo no Verão.
A unidade hoteleira responsável pela actividade de Hotelaria é o Hotel Terra Nostra, o qual tem a categoria de 3 estrelas.
O Vale das Furnas constitui um importante local pitoresco de atracção turística da ilha de S. Miguel, logo a actividade turística tem um peso importante na economia desta freguesia.
São vários os pontos atractivos capazes de se tornarem boas e agradáveis recordações dos seus visitantes, nomeadamente:
- A Lagoa das Furnas, envolta por bonitas e floridas margens que proporcionam momentos de repouso e de lazer de verdadeira tranquilidade e romantismo;
- As Caldeiras, zona de manifestações de vulcanismo ativo, onde de várias bocas brotam géisers de água fervente e lamas medicinais e onde existe uma série de bicas vertendo águas minerais de diversos sabores e temperatura, o que faz das Furnas uma das mais ricas regiões hidrológicas da Europa;
- Uma Estação Termal, com a assistência permanente de um médico especialista, faz o aproveitamento medicinal das lamas e águas termais;
- O Parque Terra Nostra, anexo ao hotel do mesmo nome, um dos mais belos jardins de São Miguel do séc. XVIII, onde um minucioso traçado de sinuosos caminhos, ladeia artísticos lagos e atravessa alamedas verdadeiramente espectaculares de coloridas flores exóticas e de árvores centenárias de grande valor botânico;
- O Miradouro do Pico do Ferro, sobranceiro à lagoa, donde se vislumbra toda a deslumbrante beleza do Vale das Furnas que, de outro ângulo, poderá também ser apreciada do Miradouro do Salto do Cavalo, juntamente com uma boa panorâmica sobre a Vila da Povoação;
- Campo de Golfe das Furnas: situa-se numa área fora do perímetro urbano, ocupada há algumas décadas por um campo de golfe de 18 buracos e com Club-House e instalações acessórias, função animação complementar ao alojamento hoteleiro, portanto esta é uma Zona Turística.
Caracterização Biofísica[]
Caracterização Climática
O clima nas Furnas, tal como nos Açores em geral, é fortemente influenciado pela presença constante da corrente quente do Golfo que dá origem a uma atmosfera quente e húmida, com frequente nebulosidade e pequena amplitude térmica anual. Por outro lado, a existência de superfícies frontais, devidas à presença, em altitude, da massa de ar polar marítimo, em deslocação para Sul no Inverno, e da massa de ar tropical quente e húmida, que se desloca para Norte no Verão, são responsáveis pela frequente pluviosidade que se regista ao longo de todo o ano. A presença do designado Anticiclone dos Açores, em especial a variação da sua posição e intensidade, condiciona as frequentes mudanças do estado do tempo.
Os valores que serviram de referência para analisar detalhadamente o clima da freguesia das Furnas, foram recolhidos a partir da Estação Meteorológica das Furnas, localizada a 290 metros de altitude, com latitude de 37º46’ Norte, com longitude 25º19’ Oeste, durante o período de 1979 a 1990;
Temperatura do Ar
A temperatura do ar, na freguesia em estudo, não varia muito ao longo do ano, possibilitando à população residente, bem como aos turistas, um ambiente agradável. Durante o Inverno a temperatura varia entre os 10-16°C. Relativamente ao Verão a temperatura é amena, variando entre os 20- 25°C.
Precipitação
A Ilha de São Miguel apresenta um clima com características nitidamente atlânticas onde é possível identificar duas estações bem diferenciadas pelo regime pluviométrico, nomeadamente de Outubro a Março e de Abril a Setembro, logo a freguesia das Furnas não é excepção.
Em nenhum mês do ano se verifica, nas Furnas, ausência de precipitação, esta manifesta-se sob a forma de chuviscos (massa de ar tropical quente e húmido) ou de aguaceiros (massa de ar polar marítima). A pluviosidade é mais intensa e frequente entre os meses de Janeiro – Março e Setembro – Dezembro, ou seja no Inverno e Outono, no entanto esta também predomina no resto do ano mas com menos intensidade.
Humidade Relativa do Ar
A humidade relativa do ar em São Miguel é caracterizada pela regularidade dos valores médios ao longo do ano. O desenvolvimento e distribuição espacial da variável humidade relativa do ar é acompanhando da evolução da altitude e a densidade da vegetação ou seja, quanto mais alta e rica em vegetação for uma freguesia, maior será a sua Humidade relativa do ar, o que é o caso da freguesia das Furnas pois esta é muito rica em vegetação e situa-se numa considerável altitude.
Não existe grande variação da humidade relativa do ar entre os meses de Inverno e os de Verão, pois esta está presente durante todo o ano, na freguesia em estudo. Os valores mínimos e máximos de humidade relativa do ar modelados às 09 horas do dia ao longo do ano são de 80% e 88%, respectivamente. Relativamente às 18 horas do dia os valores mínimos e máximos de humidade relativa do ar registados ao longo do ano são de 88% e 92%, respectivamente.
Análise Fisiográfica
Morfologia e Hipsometria
A área relativa à freguesia das Furnas apresenta diferenças de altitude em toda a sua superfície [6], pois a área em estudo apresenta um carácter bastante montanhoso, ou seja, morfologia acidentada. A zona relativa à área de urbanização e arredores da Lagoa apresentam valores de baixa altitude, assumindo apenas 80 metros. A Altitude máxima registada na freguesia é de 702 metros relativa ao Pico do Buraco.
Na carta Hipsométrica [7]podemos visualizar as zonas de maior e menor altitude, sendo as de menor altitude as zonas mais claras e de maior altitude as áreas ilustradas a mais escuro. Na carta Hipsométrica podemos então classificar a área de estudo com uma altitude elevada nas zonas a nordeste da freguesia e achada das Furnas. Por outro lado, são as zonas vizinhas da Lagoa e urbana as de baixos valores de altitude.
Orientações de Encosta
A orientação da encosta de uma determinada área está directamente relacionada com a distribuição e ocorrência de vegetação.
Segundo a Carta de Orientação da Encosta da freguesia em estudo [8] pode – se observar que as diferentes as orientações abrangem zonas da freguesia da mesma ordem.
Declives de Encosta
Analisando a carta de Declives de Encosta [9], podemos afirmar que a área abrangida pela freguesia das Furnas apresenta declives nomeadamente entre os 19 e 38 %. Portanto podemos classificar a área em estudo como bem declivosa e acidentada, nomeadamente na zona vizinha da Lagoa e a Nordeste da freguesia.
Caracterização Geológica
Carta Geológica
Com base na carta geológica [10] conclui-se que, a norte da freguesia, encontram- se rochas eruptivas, nomeadamente basalto. Outras rochas eruptivas encontram-se também distribuidas pela restante área da freguesia, sobretudo Basalto Moderno, Traquilos e Liticos. Na zona vizinha da área da Lagoa da freguesia em estudo, encontram-se uma cratera vulcânica. Portanto podemos concluir que a área de estudo é rica em materiais vlucânicas, constituindo uma pitoresto local geológico.
Geologia
Há cerca de 800 mil anos, a ilha de S. Miguel era constituída pelos materiais emitidos pelos Vulcões do Nordeste e da Povoação.
Os principais fenómenos eruptivos que determinaram a formação da área objecto do presente trabalho processaram-se de acordo com a seguinte sucessão: -Por volta da data anteriormente referida, seguiu-se o aparecimento de um aparelho muito importante – o Vulcão das Furnas, de caldeira múltipla. Esta faixa é relativamente aplanada e apresenta um menor declive em direcção à linha de costa, fruto da influência dos mantos lávicos produzidos ao nível dos cones de escórias. -As primeiras emissões deste aparelho forma de natureza basáltica e, tal como na Povoação, processaram-se ao longo das grandes fracturas dedutíveis de massas filonianas costeiras. -O estrato-vulcão das Furnas desenvolveu-se rapidamente, passando de episódios basálticos para erupções traquíticas. Neste tipo de erupções predominaram as de estilo pliniano, conduzindo ao abatimento da caldeira do vulcão mencionado, onde hoje se localiza a freguesia (depressão rodeada de escarpas muito ravinadas, bastante erodidas).
Para compreender melhor as erupções do Vulcão das Furnas é fundamental referenciar a Litologia de Furnas. O complexo Vulcânico das Furnas é essencialmente composto por:Domos traquíticos, Cones de Bagacina, Piroclastos basálticos, Escoadas ricas em pedra-pomes e cinzas traquíticas, Basaltos Superiores, Cones e Escorias.
Actualmente a actividade do vulcão das Furnas limita-se ao funcionamento de Fumarolas e Caldeiras naturais.
Tectónica
O aparecimento e desenvolvimento das várias fases vulcânicas do vulcão anteriormente descrito - Vulcão das Furnas – deve-se à existência de movimentos téctonicos interactivos que no seu todo ainda são pouco conhecidos.
A sismicidade da freguesia das Furnas encontra-se naturalmente relacinada com os diferentes tipos de falhas anteriormente descritos. No entanto, existem outras situações que estimulam a sismicidade na ilha de S. Miguel, incluindo também a freguesia das Furnas:
a)Sismos Tectónicos: - fracturas profundas, não aflorantes;
- fracturas superficiais;
- fracturas submarinas a sul das Furnas e da Povoação;
- fracturas radiais e concêntricas dos estratovulcões potencialmente activos.
b)Sismos vulcânicos: - fracturas onde se movimentam massas magmáticas ascencionais;
- estruturas de fracturas compostas onde se desenvolvem apenas reajustamentos que induzem alterações magmáticas a várias profundidades.
A área das Furnas está sob a influência de dois epicentros principais. O primeiro situa-se numa depressão submarina de orientação Nordeste/ Sudoeste, a Sul de S. Miguel, e que origina sismos violentes que atingem o grau X da Escala de Mercalli. O segundo, situado entre os vulcões da Serra de Água de Pau, Furnas e Povoação, origina sismos mais moderados que não ultrapassam em geral o grau da mesma escala.
Riscos Geológicos
Dos riscos geológicos conhecidos, salientam-se os movimentos de massa, as cheias e enxurradas e riscos vulcânicos e sísmicos, aqueles que mais impacto têm na população de hoje em dia, nomeadamente dos Açores, destacando a ilha de S. Miguel.
Movimentos de massas
As ilhas dos Açores estão sujeitas à ocorrência de movimentos em massa de origem e tipologias diversas, acentuados pelas características morfológicas e litológicas dos terrenos, da rede de drenagem e da ocupação do solo. O perigo de movimentos em massa nos Açores é bastante elevado, designadamente nas Flores, Faial e S. Miguel tendo em atenção a frequência com que se registam e a magnitude que muitas vezes evidenciam. Em termos gerais pode dizer-se que os flancos dos vulcões centrais, as paredes de caldeiras, as vertentes das linhas de água, em particular das mais encaixadas são as zonas que cedem maior perigo. Este tipo de fenómeno ocorre fundamentalmente em zonas cobertas por materiais piroclásticos. Daí a freguesia em estudo, Furnas, situada numa das áreas de maior perigo dos Açores – S. Miguel – é considerada uma zona de elevado risco geológico no que diz respeito ao movimento das massas.
As restantes ilhas também têm sido alvo de importantes movimentos de massa, quer associados a terramotos ou a erupções vulcânicas, quer gerados na sequência de condições meteorológicas extremas ou simples processos de erosão costeira.
Cheias e enxurradas
As zonas de S. Miguel mais afectadas por estes fenómenos são, evidentemente, as zonas costeiras. No entanto, apesar da freguesia das Furnas, se situar no interior da ilha, não deixa de ser alvo deste episódio, uma vez que esta é uma área rica em ribeiras e nascentes que durante o Inverno têm a probabilidade de aumentar o seu nível de caudal, se considerarmos o nível de pluviosidade predominante na freguesia durante a referida estação do ano.
Perigo e risco vulcânico e sísmico
Em Portugal, actualmente a zona de maior actividade vulcânica é o Arquipélago dos Açores, constituídos por nove ilhas vulcânicas que emergem da denominada Plataforma dos Açores. Sob o ponto de vista geoestrutural a região encontra-se na zona de influência da junção tripla definida pelas placas litosféricas Euroasiática, Africana e Americana. Assim, e devido ao seu enquadramento geodinâmico, o arquipélago tem sido palco, ao longo do tempo, de importante actividade sísmica e vulcânica.
As ilhas de S. Miguel, Terceira, Graciosa, Faial e Pico apresentam importantes manifestações de vulcanismo secundário, nomeadamente com a presença de campos fumarólicos, nascentes termais e de água gasocarbónica e de áreas de desgaseificação difusa, como é o caso da freguesia das Furnas.
Relativamente à ilha de S. Miguel, esta é constituída por três vulcões trácticos: Sete Cidades, Fogo (Água de Pau) e Furnas.
O Vulcão das Furnas, é um dos três vulcões centrais activos da ilha de S. Miguel. O vulcão das Furnas é o que se situa mais a Este do arquipélago e é considerado por vários investigadores como um dos vulcões mais perigosos dos Açores. É aparentemente o vulcão mais novo dos vulcões centrais de São Miguel. Do ponto de vista topográfico pode ser considerado como o menos impressionante da ilha de São Miguel, pelo facto de não apresentar um cone “cinder”distinto. Actualmente as manifestações vulcânicas do Vulcão das Furnas são marcadas pela presença de quatro campos fumarólicos principais e de várias nascentes termais e de águas gasocarbónicas, evidenciando o sistema hidrotermal que lhe está associado. No interior da caldeira regista-se uma intensa desgaseificação difusa através dos solos que abrange grande parte da área habitacional da freguesia das Furnas, objecto em estudo.
Caracterização Geomorfologica
Geomorfologia e Rede hidrográfica
Geomorfologia
Sob o ponto de vista geomorfológico dividimos a ilha, de oeste para leste, nos seguintes conjuntos paisagísticos:
1.Maciço das Sete Cidades; 2.Plataforma dos Picos; 3.Maciço da Lagoa do Fogo; 4.Achada do Congro-Furnas; 5.Maciço das Furnas; 6.Maciço da Povoação; 7.Região da Tronqueira e do Nordeste; 8.Plataforma litoral do Norte.
O maciço das Furnas, corresponde ao vulcão presente na freguesia em estudo, corresponde a um complexo estrato-vulcão onde a geração da caldeira tem se processado ao longo de diversas fases.
A geomorfologia do Vulcão das Furnas caracteriza-se pela presença de uma grande depressão central, que a Este intercepta a caldeira do Complexo Vulcânico da Povoação e a Oeste encosta ao planalto da Achada das Furnas. O edifício é marcado por um extenso flanco a Norte e um curto e abrupto flanco a Sul.
O interior da Caldeira das Furnas divide-se em duas grandes áreas: o Vale das Furnas, a norte e a Zona da Lagoa, a sul. O maciço é recortado por inúmeras linhas de água. Nascentes termais e águas dos mais diferenciados tipos abundam neste conjunto vulcânico. Ainda relativamente à geomorfologia do referido vulcão, as suas paredes interiores são quase verticais e constituídas por lavas, materiais piroclásticos e rochas eruptivas claramente identificáveis. Esta assimetria detectável no Vulcão das Furnas deve-se aos vigorosos fenómenos de colapso do sector sul do aparelho principal, segundo acidentes tectónicos com direcção oeste-leste, dispostos em escadaria descendo para sul, e associados a complexas deformações locais. As escarpas interiores das Furnas têm diversas idades e desníveis, os quais oscilam entre 100 e 250 metros.
Rede Hidrográfica
A freguesia das Furnas é composta por linhas de água fortemente dendriticas e uma lagoa, que constituem a uma paisagem vulcânica, a qual é muito apreciada por turistas. É das freguesias do Concelho da Povoação mais ricas em recursos hídricos. [11]
A freguesia em estudo é muito rica em nascentes e ribeiras [12]e algumas destas são captadas para abastecimento local.
Das ribeiras predominantes na freguesia em estudo (ribeiras quentes e amarelas), salienta-se as ribeiras quentes pois são as mais distribuídas pela freguesia.
Ecologia
A flora e a fauna do Arquipélago dos Açores apresentam particularidades únicas e incomparáveis aos restantes ecossistemas terrestres, sendo assim de grande importânçia para os naturalistas. Actualmente existe uma grande preocupação em relação à conservação dos ecossistemas do Arquipélago dos Açores, pois muitas das espécies presentes nestes ecossistemas são únicas no Arquipélago. Especialmente vulneráveis, são as espécies endémicas raras que actualmente acabam por ocupar pequenos fragmentos de floresta nativa, estando muitas sob pressão de espécies invasoras ou exóticas. A conservação da biodiversidade é uma tarefa difícil e que envolve custos elevados e meios escassos, o que dificulta a sua acção na prática. Apenas o conhecimento científico relativo a esta área, tais como, a ecologia das comunidades, genética e biologia de conservação, poderá levar a uma optimização da gestão e conservação da biodiversidade.
Flora
A freguesia das Furnas apresenta um dos mais completos catálogos botânicos vivos do país (ex: Parque Terra Nostra). Portanto a vegetação representa um símbolo para a freguesia de Furnas, embora, o vulcanismo secundário e a Lagoa sejam considerados um ponto de referência para quem visita as Furnas, é importante referir que a vegetação também faz parte deste cartaz de visita. No entanto, definimos que, existem dois tipos de vegetação: a introduzida e a nativa. A História revela que as Furnas tinham uma natural riqueza florestal com grandes manchas verdes de floresta indígena.
São exemplos de vegetação nativa, cedros, urze, pau-branco, uva-da-serra, Louro, Faia-da-terra, entre outros.
Grande parte desta vegetação já não é avistada na freguesia pois esta foi se alterando ao longo dos anos com o povoamento da freguesia e, em simultâneo, com a necessiadade de utilizar madeira para fins básicos.
A Conteira, O Gigante e Incenso são consideradas vegetação invasora(exótica).
A freguesia em estudo apresenta algumas espécies endémicas, como é o caso da Urze, consideradas por alguns autores relíquias de flora muito antiga, ou seja, como fósseis vivos, bem como uma flora exótica de países tropicais e frios, com árvores seculares de grande valor botânico. Entretanto, a vegetação exótica tem um considerável impacte negativo nos nossos dias e na freguesia em estudo, reduzindo a extensão de matas naturais presentes na freguesia.
A freguesia das Furnas ainda apresenta uma vegetação rica em arbustos, designada por Laurissilva, o Louro é um exemplo típico. Este tipo de vegetação não é comum apenas nesta freguesia, mas também em várias comunidades florestais presentes na ilha.
Referências[]
- “ Câmara Municipal da Povoação” (2001) “Povoação” Ed. Publiçor.
- Câmara Municipal da Povoação “Plano Geral de Urbanização das Furnas: Ante – Plano”, Povoação.
- Câmara Municipal da Povoação “ Proposta de Plano Director Municipal de Povoação.” Povoação.
- D.E.P.D(1982) “Apontamento Histórico Etnográfico S. Miguel – Santa Maria” Direcção Escolar Ponta Delgada, III volume. Ponta Delgada.
- DROTRH “ Plano de Ordenamento da Bacia Hidrográfica da Lagoa das Furnas.”Direcção Regional do Ordenamento do Território e dos Recursos Hídricos. R.A.Açores.
- Fernandes, L. (2004). “Caracterização Climática Das Ilhas de São Miguel E Santa Maria Com Base No Modelo Cielo” Departamento de Ciências Agrárias. Universidade dos Açores. Angra Do Heroismo.
- Gil, A. (2005). “Plano de Gestão da zona de Proteção Especial Pico da Vara/ Ribeira do Guilherme.” Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Lisboa.
- INE (2001) “Censos 2001”- Instituto Nacional de Estatística. Lisboa
- Vieira.C. (2007). “Estrutura Ecológica em Ilhas – O caso de S.Miguel.” Departamento de Biologia. Universidade dos Açores. Ponta Delgada.